Antônio Waldez Góes da Silva (PDT), governador do Amapá por dois
mandatos, e nome do partido para disputar o governo nas eleições de
outubro, deve ser julgado nesta segunda-feira, 3 de fevereiro, na 4ª
Vara
Criminal de Macapá sob a acusação do crime de peculato (crime de
desvio de dinheiro público por funcionário que tem a seu cargo a
administração de verbas públicas.), em ação penal resultante de denúncia
do Ministério Público do Estado (MP); Sob a mesma acusação serão
julgados o ex-governador Pedro Paulo Dias de Carvalho (PP) e três
ex-secretários de Planejamento
A audiência de instrução e julgamento foi marcada no dia 18 de
dezembro do ano passado pelo juiz Matias Pires Neto, responsável pela
condução do processo. Os três ex-secretários de Planejamento de Waldez
Góes e Pedro Paulo são Haroldo Vitor Santos, Nélson Américo e Sebastião
Rosa Máximo. Dos réus, o último a ser intimado para a audiência da
próxima segunda-feira foi o ex-governador Waldez Góes. Ele só foi
encontrado no último dia 28.
O Ministério Público do Estado do Amapá (MP) move ação contra os
ex-governadores Waldez Góes e Pedro Paulo, e seus ex-secretários, pela
prática do crime de peculato. Os réus estão sendo processados pela
utilização ilegal de R$ 74 milhões, recursos provenientes dos
empréstimos consignados contraídos pelos servidores públicos estaduais e
não repassados aos bancos. O processo tem seis volumes e 1206 folhas.
Na ação penal, o Ministério Público pede a condenação de Waldez,
Pedro Paulo e dos ex-secretários por terem retido valores mensais
devidos pelos servidores estaduais em empréstimos consignados, valores
estes que deveriam ser repassados aos bancos credores. Para o MP, a
conduta apropriatória do GEA, por seus gestores, impedia que os débitos
dos consumidores, todos eles servidores do próprio Estado, honrassem os
pagamentos dos respectivos empréstimos.
De acordo com o promotor de Justiça Afonso Guimarães, em novembro de
2009, o então governador Waldez Góes, determinou à sua equipe de
governo, em concurso com Haroldo Vitor, à época secretário estadual de
Planejamento, que a partir de então não realizasse o repasse dos
consignados.
A partir de abril de 2010, o então vice-governador Pedro Paulo Dias
de Carvalho assumiu o cargo de governador do Estado, e, sustenta o
promotor de Justiça, ao invés de estancar a ilegalidade patrocinada pelo
seu antecessor, não somente se omitiu na tomada de providências com
vista a responsabilidade civil e criminal, mas manteve o regime
apropriatório até o final do seu mandato, em concurso com os seus
secretários de Planejamento Sebastião Máximo e Nelson Américo.
Na defesa, os acusados alegaram que foram levados à prática de tais
ilícitos pelas “consequências da crise mundial”, que teria abalado as
finanças públicas, inclusive do Estado do Amapá. Em seu depoimento, o
ex-governador Waldez Góes disse que “não sabia que o dinheiro era
descontado dos servidores e não era repassado às instituições
financeiras. E que nunca ordenou, nem por escrito, nem verbalmente, o
descumprimento de qualquer das despesas obrigatórias”.
Até dezembro de 2010, conforme provas apresentadas pelo Ministério
Público, os acusados deixaram de repassar somente aos bancos BMG S/A,
PINE S/A, INDUSTRIAL e HSBC BANK BRASIL S/A - BANCO MÚLTIPLO, o valor de
R$ 68.210.076,90, mas o total chegaria a mais de R$ 74 milhões. Pelas
mesmas condutas, os dois ex-governadores e seus ex-secretários respondem
na 6ª Vara Cível e de Fazenda Pública da Comarca de Macapá, por atos de
improbidade administrativa com pedido de ressarcimento ao erário.
RELATÓRIO DO “MÁXIMO” – Em abril de 2010, quando Pedro Paulo (vice de
Waldez Góes nos dois mandatos (cinco meses depois os dois eram presos
pela Polícia Federal – Operação Mãos Limpas), assumiu o governo do
Estado, Sebastião Rosa Máximo, nomeado secretário de Planejamento,
apresentou um relatório acusando que o Estado do Amapá estava à beira de
um colapso financeiro sem precedente em razão da gestão de Waldez.
Antes de ser secretário de Planejamento, Sebastião Máximo foi secretário
de Indústria Comércio e Mineração de Waldez Góes.
De acordo com o relatório, o crescimento elevado da dívida, à época,
havia elevado o déficit financeiro mensal, que era da ordem de R$ 32
milhões/mês, sendo R$ 11 milhões com a Previdência, R$ 11 milhões com as
consignações em folha de pagamento e R$ 10 milhões com fornecedores.
“foi uma verdadeira perda de controle sobre os gastos públicos”,
escreveu o secretário. Ele revelou que duas semanas antes de assumir a
secretaria, o seu antecessor pediu exoneração do cargo e viajou para
fora do Estado.
Só no primeiro trimestre de 2010, conforme o relatório de Sebastião
Rosa Máximo, o prejuízo acumulado do Estado do Amapá já era de R$ 111
milhões. Antes da saída de Waldez Góes do governo, foram realizados
diversos pagamentos por OP (Ordem de Pagamento) que não passaram pelo
sistema Siplag.
Rosa Máximo também relatou, em abril de 2010, a necessidade da
devolução de R$ 27 milhões a conta investimentos do BNDES utilizados
indevidamente na conta salário. Com as consignações em folha de
pagamento o comprometimento chegava a R$ 585 milhões, dos quais, até
então, R$ 34 milhões encontravam-se vencidos descontados dos salários
dos servidores e não quitados junto às consignatárias.
O mesmo relatório aponta que com o Imposto de Renda Retido na Fonte a
dívida ultrapassava R$ 58 milhões, e mais R$ 11 milhões em precatórios.
Sebastião Rosa Máximo destacou que Waldez Góes passou doze meses sem
pagar alugueis de prédios ocupados por órgãos do governo do Amapá, e que
frequentemente o Estado entrava para o cadastro de inadimplentes do
governo federal, principalmente pela devolução de recursos de convênios
por irregularidades na aplicação ou por falta de prestação de contas.
Seriam mais de 200 inadimplências.
O documento de Sebastião Rosa Máximo apontava, em 30 de abril de
2010, um passivo circulante, deixado por Waldez Góes, que ultrapassava
R$ 1 bilhão. “A enfermidade financeira do Estado não é grave, ela é
gravíssima; o Estado pede socorro, enquanto agoniza em seu leito de
morte! A situação pode ser comparada a uma patologia cancerígena, que
precisa ser logo extirpada, para não comprometer todo o corpo, porém, o
remédio bom, é também amargo”, ressaltou o secretário de Pedro Paulo.
No entanto, na denúncia do Ministério Público, que virou ação penal e
será levada a julgamento dia 3 de fevereiro, o promotor de Justiça
Afonso Guimarães afirma que: “Pedro Paulo Dias de Carvalho assumiu o
cargo de governador do Estado, e, ao invés de estancar as ilegalidades
patrocinadas pelo seu antecessor, não somente se omitiu na tomada de
providências com vista a responsabilidade civil e criminal, mas manteve o
regime apropriatório até o final do seu mandato, em concurso com os
seus secretários de Planejamento Sebastião Máximo e Nelson
Américo.
Paulo Silva do Amapá 247
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