Na semana passada, um jornal local publicou que o PT
poderia coligar com o PTB de Lucas Barreto indicando o nome da
vice-governadora Dora Nascimento (PT) para a primeira suplência na chapa
ao Senado, que seria encabeçada pelo senador José Sarney (PMDB). Em
entrevista para o MZ, o deputado Joel Banha, presidente regional do
partido, negou tal informação e disse que o PT, em nenhuma
circunstância, apoiará o senador Sarney.
Joel
Banha disse as informações que deu em entrevista ao jornal foram
interpretadas ao sabor dos interesses políticos do periódico. Disse
ainda, que o PT não tem porque romper com o PSB, e muito menos apoiar a
reeleição do senador Sarney. Banha argumentou que a dívida política que o
partido tinha com o senador, em função de seu apoio ao presidente Lula
no episódio da tentativa de seu impeachment, em 2005, foi
inteiramente paga com o apoio dado ao senador, na sua reeleição ao
senado, em 2006; como também à eleição da governadora Roseana Sarney, no
Maranhão, em 2010. "A fatura foi paga, o PT não deve nada ao senador",
disse.
Outra situação lembrada pelo deputado para afirmar que o partido não
deve nada a Sarney foi quanto à ocupação dos espaços do Governo Federal
no Estado. Joel disse que dos 22 órgãos federais, 21 são dirigidos por
pessoas que, de alguma forma, estão vinculadas ao senador. "Esses órgãos
deveriam estar implementando as políticas públicas do governo Dilma,
aqui, no Amapá, mas pouco se ouve falar do trabalho desenvolvido pelo
Incra, pelo Ministério da Pesca ou pela Funasa, por exemplo, a não ser
quando ocorre alguma crise, aí, quem fica com o ônus do problema é o
PT", desabafou.
Além disso, o deputado petista lembrou que o advogado de Sarney,
Fernando Aurélio de Azevedo Aquino, é o mesmo que atua na tentativa de
cassação dos prefeitos do PT no Estado. "Por que o Partido tem que
apoiar um político que patrocina ações jurídicas descabidas contra os
prefeitos petistas que foram eleitos legitimamente pela população",
questionou.
Banha afirmou que a decisão do PT estadual, de não apoiar a reeleição
do senador Sarney em nenhuma circunstância, já foi comunicada ao PT
nacional. "Comuniquei ao companheiro Jorge Coelho, secretário nacional
de Mobilização do partido, sobre a nossa decisão".
A respeito da possibilidade de uma intervenção da Executiva Nacional
no PT do Amapá, Banha disse que a atual correlação de forças que compõem
o Diretório Nacional do partido impede tal procedimento. Segundo ele, a
corrente majoritária do partido, que defende o apoio a Sarney, não
possui número suficiente de votos no Diretório para, sozinha, aprovar
uma ação desta natureza. Segundo ele, nesse caso específico, "a
Executiva Nacional pode apenas recomendar uma posição, mas nunca impor",
esclareceu Joel.
Joel ainda disse que o PT, nessas eleições, deve seguir com o PSB, de
Camilo Capiberibe, e que o partido trabalha para ter também a vaga ao
Senado. O nome petista para a disputa seria da atual vice-governadora
Dora Nascimento. Sobre a vaga de vice na chapa majoritária, Banha
afirmou que o partido só abre mão se for para trazer mais um partido
para a aliança. "O PT entende que a vaga de vice é importante para
fortalecer a chapa e, se for para trazer mais um partido, nós
concordamos em abrir mão da vice".
Diante dessa conjuntura, a candidatura à reeleição do senador Sarney
praticamente se inviabiliza. É sabido, nos bastidores políticos, que
Sarney esperava obter o apoio dos petistas para essa nova empreitada.
Sem ele, arriscar uma nova eleição num terreno altamente minado,
inclusive enfrentando fogo amigo, as chances de vitória são muito
pequenas.
Sérgio Santos
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