O Ministério Público Federal no Amapá (MPF/AP) recomendou à Secretaria
de Patrimônio da União (SPU), ao Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (ICMBio) e ao Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária (Incra) que tomem providências para promover medidas de
proteção territorial para as comunidades tradicionais do Arquipélago do
Bailique
Também orienta os órgãos a realizar estudos de viabilidade para
criar uma unidade de conservação de uso sustentável no local. No âmbito
estadual, o Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial (Imap) e
a Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Amapá (Sema) também devem
atender à recomendação.
Para o
MPF/AP, a regularização fundiária no Bailique é o primeiro passo para
que os habitantes das ilhas que compõem o Arquipélago tenham seus
direitos garantidos sobre o território. “Essa garantia é fundamental
para o empoderamento da comunidade que vive no Bailique e na Gleba Terra
Grande, formada por ribeirinhos e extrativistas”, explica o procurador
da República Thiago Cunha de Almeida, que assina a recomendação.
“Identificamos uma situação de total indefinição, entre a União e o
estado do Amapá, em relação à posse daquelas terras. O que havia eram
ações e documentos esparsos, sem nenhum instrumento de proteção efetiva
sobre o território, os recursos naturais e a cultura daquela
comunidade”, conta.
O membro
do MPF participou do primeiro Encontrão, promovido pela organização
não-governamental Rede Grupo de Trabalho Amazônico (Rede GTA), em junho
de 2014, para discutir com os moradores do Bailique a construção do
Protocolo Comunitário. Trata-se de um plano de gestão de território,
manejo e uso sustentável de recursos naturais, com regras criadas pela
própria comunidade. Essas regras refletem as suas características
tradicionais, o modo como a comunidade se relaciona interna e
externamente.
“A partir desse encontro, identificamos a necessidade de
elaborar um diagnóstico da situação fundiária e um passo a passo para
que o território seja oficialmente reconhecido e protegido como
Assentamento Agroextrativista”, afirma Thiago Almeida.
A
recomendação, expedida em 28 de maio, determina, entre outras
providências, que a Secretaria de Patrimônio da União (SPU) proceda à
outorga de Termo de Autorização de Uso Sustentável para as famílias
habitantes da área e promova as medidas judiciais necessárias à garantia
do patrimônio fundiário federal no Arquipélago do Bailique e na Gleba
Terra Grande.
O
documento também concede prazo de 90 dias para que o Imap, em parceria
com o Incra, elabore Planos de Desenvolvimento dos assentamentos criados
pelo governo estadual na região. A Sema, por sua vez, deve promover
estudos de viabilidade para a criação de unidade de conservação de uso
sustentável, nas espécies Reserva Extrativista ou Reserva de
Desenvolvimento Sustentável.
Os cinco
órgãos têm 30 dias para se manifestar sobre as ações que serão adotadas
para o cumprimento das medidas. No mesmo prazo, devem apresentar as
razões que justifiquem o não atendimento das providências, se for o
caso.
Fonte: Brasil 247
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