As tensões causadas pelas disputas por territórios indígenas têm se
agravado nos últimos anos e elevaram o número de assassinatos a índios
em conflitos de terra no Brasil. No ano passado, segundo dados parciais
obtidos pelo GLOBO com a Comissão Pastoral da Terra, o total de mortes
cresceu pelo terceiro ano consecutivo e chegou a 14, o maior número
verificado desde 1988 na série histórica dos dados de assassinato da
entidade de direitos humanos.
Em 2012, foram mortos seis índios em conflitos de terra e, em 2011,
foram assassinados quatro. Atualmente, segundo a Secretaria de Direitos
Humanos da Presidência da República, 155 pessoas estão incluídas, em
áreas de conflito de terra, no Programa de Proteção aos Defensores dos
Direitos Humanos. Do total, 37 são indígenas, que já representam 23,8%
do total. A maior parte dos protegidos pelo governo federal atuam na
Região Norte, sobretudo no Pará.
No ano passado, as mortes de indígenas ocorreram, em sua maioria, em
Roraima, Bahia e Mato Grosso do Sul, estados onde as disputas por terras
têm recrudescido nos últimos anos. Em Roraima, na cidade de Alto
Alegre, cinco índios da etnia yanomami, entre eles uma criança, foram
mortos em abril do ano passado. Segundo lideranças indígenas, a
atividade ilegal de extração de minérios tem se intensificado na região e
garimpeiros têm atuado inclusive na Terra Indígena Yanomami.
Na Bahia, três índios da etnia tupinambá foram assassinados por
pistoleiros em novembro, na cidade de Ilhéus, após emboscada que teria
sido preparada por fazendeiros. As lideranças indígenas da região, onde
habitam cerca de 4,7 mil índios, têm cobrado desde 2004 o governo
federal pela demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença, que tem
sofrido invasões de produtores locais.
Uma das mortes presentes no levantamento é a do cacique Ivan
Tenharim, em dezembro do ano passado, em área próxima à reserva Tenharim
Marmelos, em Humaitá (AM). A morte acirrou os conflitos na região entre
indígenas e moradores locais e teve como desfecho, na semana passada, a
exoneração do coordenador regional da Funai. Na segunda-feira, o
Ministério da Justiça determinou que a Força Nacional de Segurança
prolongue por mais três meses o período de atuação em Humaitá para
pacificar a situação local.
— Infelizmente, o nível de violência praticado contra indígenas no
país é muito grave. E, quando falamos de violência, incluímos também o
racismo, o preconceito e a exclusão social — afirmou a presidente da
Funai, Maria Augusta Assirati, segundo a qual a entidade tem articulado
um plano de enfrentamento à violência contra os povos indígenas no país.
Segundo dados parciais do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), no
ano passado, foram mortos 41 indígenas, 26 dos quais no Mato Grosso do
Sul, onde está localizada a segunda maior comunidade indígena do Brasil.
No sudoeste do estado, índios da etnia guarani-caiová disputam terras
com fazendeiros, muitas das quais ainda passam por processo de
demarcação. Os dados de mortes do Conselho Indigenista Missionário são
maiores que os da Comissão Pastoral da Terra porque incluem, entre
outros assassinatos, os que não estão relacionadas com conflitos de
terra.
Governo estuda mudar processo de demarcação
O acirramento dos conflitos de terra entre índios e fazendeiros tem
levado o governo federal a estudar mudar o processo de demarcação das
terras indígenas. Para o secretário-executivo do Conselho Indigenista
Missionário, Cleber César Buzatto, o governo federal tem atuado de
maneira lenta para o reconhecimento de territórios indígenas, demora
que, segundo ele, se aprofundou no governo da presidente Dilma Rousseff.
— Agora, com a Dilma Rousseff, mais que uma lentidão, há uma
moratória, uma paralisação nas demarcações e isso influi também no
processo de potencialização dos conflitos e, conseqüentemente, no
aumento da violência contra os indígenas — criticou.
Na avaliação de Edmundo Rodrigues Costa, da coordenação nacional da
Comissão Pastoral da Terra, o aumento da violência contra os índios em
conflitos de terra pode ser explicado tanto pela maior articulação dos
povos indígenas, que têm cobrado mais a demarcação de terras, como pela
demora do governo federal em cumprir o processo legal.
— A tendência, se não forem resolvidas logo essas questões, vai ser o
aumento cada vez maior do número de indígenas assassinados no país —
avaliou.
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