quinta-feira, 5 de novembro de 2015

REPERCUTE NEGATIVAMENTE O NOME DE VINÍCIUS GURGEL PARA RELATOR NO PROCESSO DE CUNHA

Repercute em todo o país a escolha do deputado federal Vinícius Gurgel (PR-AP) na lista tríplice para definição do relator do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) no Conselho de Ética, por ter sido um dos seus mais aguerridos cabos eleitorais nas eleições da Casa, tendo sido, inclusive, o coordenador da campanha do peemedebista no Amapá. 

Por sua dedicação à campanha, Gurgel recebeu até um apelido curioso dos colegas: ‘O Menudo de Cunha’, em alusão a suposta semelhança com os integrantes de uma banda musical de Porto Rico que fez muito sucesso entre as décadas de 1970 e 1980.

Apesar da afirmação de Vinícius Gurgel de que, se escolhido relator, vai agir com isenção, ninguém acredita nisso, principalmente após a divulgação, pela mídia nacional, de uma imagem da comemoração do parlamentar amapaense da vitória de Eduardo Cunha na disputa pela presidência da Câmara, aqui republicada. 

Nesta terça, Gurgel disse que, se escolhido pelo presidente do Conselho de Ética para ser o relator, deverá dar um parecer preliminar pela continuidade do processo. “Se eu for escolhido relator, vou pedir auxílio da Procuradoria-Geral e demais órgãos envolvidos nas investigações, para analisar as fundamentações do requerimento”, declarou.

Processo de cassação

O processo que pode levar à cassação do mandato do presidente da Câmara foi instaurado na terça-feira, 03. Além de Vinícius Gurgel, foram sorteados outros dois parlamentares integrantes do colegiado. 

Um deles será escolhido relator pelo presidente do Conselho, José Carlos Araújo (PSD-BA) para ser o relator do processo. Segundo Aleluia, após conversar separadamente com cada um dos parlamentares é que ele tomará uma decisão, o que deve acontecer até o final desta semana.

Apesar das fortes críticas contra os três nomes escolhidos, principalmente a grande rejeição ao nome de Vinícius Gurgel, Araújo garante que a principal prerrogativa para a escolha será a isenção e o “desejo de fazer justiça”. 

Ele tem repetido que o fato de os três parlamentares pertencerem a partidos da base governista não causará nenhum problema na tramitação do processo de cassação: “Eu tenho certeza que todos os três têm condições de ser relator. Não tenho a menor dúvida disso. Mas eu vou escolher dentre eles aquele que eu entender que está mais preparado ao meu ver para desempenhar essa função”.

Vários deputados declinaram de concorrer à relatoria, dentre os quais Júlio Delgado (PSB-MG), sob a alegação de ter disputado a Presidência da Câmara com Cunha; Mauro Lopes (PMDB-MG) e Washington Reis (PMDB-RJ) também se declararam suspeitos por serem do mesmo partido de Cunha.

O pedido de cassação foi protocolado no dia 13 de outubro pelo PSOL e a Rede Sustentabilidade, sob o argumento de que ele mentiu durante depoimento à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras ao afirmar que não possui contas bancárias no exterior, no que foi desmentido pela Procuradoria Geral da República (PGR), que confirmou a existência de ativos na Suíça em nome do deputado e de familiares dele, no valor total de quase US$ 5 milhões – cerca de R$ 20 milhões.
Renúncia

É grande o movimento entre os deputados de situação e de oposição para que Vinícius Gurgel renuncie à lista tríplice, por sua ligação pública e notória com Cunha. Eles argumentam que, em respeito à ética, o parlamentar deveria, também, a exemplo de outros colegas, renunciar à relatoria antes que o processo de escolha seja concluído, declarando-se suspeito por suas estreitas relações com Eduardo Cunha.  

(Ramon Palhares)

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