Para o subprocurador-geral da
República Nicolao Dino Neto, investigar a corrupção no Brasil significa
lidar com uma enorme quantidade de casos que parecem "puxar" uns aos
outros. "É como uma caixa de Pandora (objeto que contém todos os males
do mundo, de acordo com a mitologia grega). Quando você mexe na caixa,
aparece mais uma ramificação", afirma.
Atualmente, o Ministério Público Federal investiga diretamente
26 mil casos de corrupção e, no ano passado, propôs mais de 2 mil ações
contra acusados de enriquecimento ilícito e outros crimes relacionados.
Mas
Dino Neto, que coordena a Câmara de Combate à Corrupção, acredita que
os próximos anos haverá um aumento na quantidade e na eficiência das
ações contra corruptos, por causa da criação dos chamados Núcleos de
Combate à Corrupção em todo o país.
O que o MP faz contra a corrupção?
De
acordo com Dino Neto, as investigações do Ministério Público podem
resultar na abertura de ações de improbidade administrativa ou ações
penais, que serão decididas na Justiça.
As ações de improbidade
podem pedir que os acusados sejam condenados a perder bens ou valores
que foram adicionados ilegalmente a seu patrimônio pessoal e que estes
valores sejam ressarcidos aos cofres públicos; que eles tenham suspensos
seus direitos políticos; paguem multa civil; sejam proibidos de ter
contratos com a Administração ou de receber benefícios, incentivos
fiscais e crédito; além de perderem a função pública.
Em alguns
casos, é possível propor também ações penais contra os acusados, quando
suas ações são consideradas crimes. De um modo geral, no entanto, o
número de ações de improbidade é maior do que o número de ações penais
propostas pelo órgão.
"Vou dar um exemplo para deixar claro: o
enriquecimento ilícito do agente público é um ato de improbidade
administrativa, mas isso não é crime no Brasil. Na lei penal, não há
previsão quanto ao crime", explica o subprocurador-geral.
Em 2015,
o Ministério Publico Federal deu início a uma campanha para recolher
assinaturas em apoio a dez medidas de combate à corrupção, que serão
propostas ao Congresso para se tornarem projetos de lei. Entre elas,
estão a criminalização do enriquecimento ilícito, o aumento das penas
para a corrupção de altos valores (acima de R$ 8 milhões) e mudanças
para tornar mais rápidos os julgamentos de ações de improbidade
administrativa.
(Com informações da BBC Brasil)
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