No Amapá, Estado atolado em esquemas de corrupção entre 2003 e 2010, com
prisão de suas principais autoridades (incluindo governador e
ex-governador da época) em sete operações da Polícia Federal no período,
dois parlamentares acusados de desviar quase R$ 29 milhões, e alvo de
ações penais e de improbidade administrativa que tramitam no Tribunal de
Justiça do Amapá (Tjap), voltam a comandar o Poder Legislativo no
Estado e “administrando”, como ordenadores de despesa, um orçamento de
R$ 156 milhões este ano
Trata-se dos deputados
Moisés Souza (PSC) e Edinho Duarte (PP), que no sábado, dia 25, em
“solenidade” realizada na sala da Presidência da Assembleia Legislativa
do Amapá (Alap), reassumiram os cargos de presidente e
primeiro-secretário, respectivamente, da mesa diretora da Casa, dos
quais estavam afastados por sentença judicial desde junho de 2012.
Moisés Souza e Edinho Duarte, ambos investigados também na “Operação Mãos Limpas” deflagrada em setembro de 2010 pela Polícia Federal por decisão do ministro Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram afastados da presidência e da primeira secretaria da Assembleia depois que o Ministério Público do Amapá desencadeou a Operação Eclésia, desmontando um esquema de corrupção ocorrido entre os anos de 2011 e 2012, envolvendo deputados, assessores, servidores, ocupantes de cargos comissionados na Assembleia, “laranjas” e empresários.
Pelo menos uma das ações penais estava em vias de ser julgada esta semana pelo Tribunal de Justiça, mas a audiência foi adiada pela terceira vez, desta feita pela ausência de um perito federal que mora e trabalha em Brasília.
Em dezembro do ano passado, julgando habeas corpus, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), “decidiu” possibilitar o retorno de Moisés Souza e Edinho Duarte aos cargos que exerciam na mesa diretora da Assembleia, “se assim entendessem os deputados”. Um parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) previa que a “decisão” do ministro fosse levada para votação em plenário. Isso não ocorreu.
Logo após o recesso do Judiciário, decidindo sobre um pedido de Moisés Souza, o desembargador Brahuna disse não exister nada que impedisse o retorno dos dois deputados aos cargos. Logo em seguida começou a divisão dos cargos estragégicos na Casa. Orlando Pinheiro, ligado ao deputado Edinho Duarte, foi nomeado secretário de Finanças. No sábado, ao reassumir a presidência, Moisés Souza disse que a gestão orçamentária e financeira ficará com o deputado Michel JK (PSDB), corregedor da Assembleia.
Ele prometeu cuidar apenas da parte legislativa e do comando do Plenário, que só retomará as sessões deliberativas dia 3 de fevereiro.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS - O envolvimento do deputado Moisés Souza no esquema de corrupção denunciado pelo Ministério Público do Estado acabou atingindo também um de seus irmãos; o delegado da Polícia Federal Marcos Reategui, preso em novembro do ano passado pela própria PF.
Os dois estão sendo
processados pelo Ministério Público do Amapá (MP) em doze ações penais e
onze por improbidade administrativa, por reiteradas e contumazes
práticas de delitos de corrupção ativa, fraude em licitações, formação
de quadrilha, lavagem de dinheiro, envolvendo aluguel de veículos pela
Assembleia Legislativa do Estado do Amapá. Os prejuízos ao bolso do
contribuinte - acusa o MP - chegam a R$ 29 milhões.
Moisés Souza e Edinho Duarte, ambos investigados também na “Operação Mãos Limpas” deflagrada em setembro de 2010 pela Polícia Federal por decisão do ministro Otávio Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram afastados da presidência e da primeira secretaria da Assembleia depois que o Ministério Público do Amapá desencadeou a Operação Eclésia, desmontando um esquema de corrupção ocorrido entre os anos de 2011 e 2012, envolvendo deputados, assessores, servidores, ocupantes de cargos comissionados na Assembleia, “laranjas” e empresários.
Pelo menos uma das ações penais estava em vias de ser julgada esta semana pelo Tribunal de Justiça, mas a audiência foi adiada pela terceira vez, desta feita pela ausência de um perito federal que mora e trabalha em Brasília.
O relator das ações penais
que tramitam no Tribunal de Justiça do Amapá é o desembargador
Constantino Brahuna, considerado suspeito pelo Ministério Público em
razão de ter sido apanhado em gravação na qual revela ser amigo do
deputado Moisés Souza, pronunciando a seguinte frase: “o presidente
(era Moisés Souza) é meu ‘amigo pessoal’. Eu frequento a casa dele e ele
a minha, então o presidente da Assembleia é meu amigo, então eu posso
fazer isso”.A suspeição de Brahuna foi arguida pelo MP, mas o Tjap,
por maioria, negou.
O recurso contra a negativa tramita no Superior
Tribunal de Justiça, tendo como relatora a ministra Marilza Maynard.
Em dezembro do ano passado, julgando habeas corpus, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), “decidiu” possibilitar o retorno de Moisés Souza e Edinho Duarte aos cargos que exerciam na mesa diretora da Assembleia, “se assim entendessem os deputados”. Um parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) previa que a “decisão” do ministro fosse levada para votação em plenário. Isso não ocorreu.
Logo após o recesso do Judiciário, decidindo sobre um pedido de Moisés Souza, o desembargador Brahuna disse não exister nada que impedisse o retorno dos dois deputados aos cargos. Logo em seguida começou a divisão dos cargos estragégicos na Casa. Orlando Pinheiro, ligado ao deputado Edinho Duarte, foi nomeado secretário de Finanças. No sábado, ao reassumir a presidência, Moisés Souza disse que a gestão orçamentária e financeira ficará com o deputado Michel JK (PSDB), corregedor da Assembleia.
Ele prometeu cuidar apenas da parte legislativa e do comando do Plenário, que só retomará as sessões deliberativas dia 3 de fevereiro.
OUTRAS CONSEQUÊNCIAS - O envolvimento do deputado Moisés Souza no esquema de corrupção denunciado pelo Ministério Público do Estado acabou atingindo também um de seus irmãos; o delegado da Polícia Federal Marcos Reategui, preso em novembro do ano passado pela própria PF.
De acordo com a peça do habeas corpus,
Marcos Reátegui foi preso em razão de ter acessado indevidamente
arquivos do Sistema Cartorário da Polícia Federal - SISCART, cujo
conteúdo não faz parte de suas atribuições na Superintendência Regional
do Departamento da Polícia Federal no Amapá, “buscando informações
referentes a diversas pessoas físicas e jurídicas, notadamente políticos
do Estado do Amapá e a empresa LMS (iniciais de Luciano Marba Silva)”. A
Polícia Federal afirma que os documentos acessados pelo delegado
Reátegui não seriam objeto de interesse de investigações por parte dele.
Um laudo pericial solicitado
identificou que Marcos Reátegui teve acesso a diversas peças elaboradas
por outras autoridades policiais, (...), além de representações por
quebras de sigilo, o que, por sua vez, dispensa explicar a natureza do
procedimento (...), e à Operação Mãos Limpas, que envolveu adversários
políticos do irmão dele, o deputado Moisés Souza, alvo de investigações
na Operação Eclésia, sendo que informações referentes a aliados e
inimigos políticos possuem grande valor, notadamente ao se aproximar ano
eleitoral, motivo pelo qual os acessos indevidos ao SISCART efetuados
por Marcos (tratado como DPF RE AT E G U I) muito provavelmente muniram
seu irmão de informações privilegiadas.
Embora lotado na Delegacia de Crimes
Previdenciários (DELEPREV), Marcos Reátegui realizou diversos acessos
indevidos aos dados do Sistema Cartorário da Polícia Federal -
(SISCART), que não guardavam pertinência com a sua área de atuação, a
exemplo de representações por quebra de sigilo e de informações a
respeito de pessoas físicas e políticas do cenário político amapaense,
inclusive, referentes a seu irmão, deputado estadual Moisés Souza, que
foi alvo de investigações promovidas pelo Ministério Público do Amapá.
Marcos foi solto, mas está afastado de suas funções.
MINISTÉRIO PÚBLICO RECORRE –
Na primeira quinzena deste mês, o procurador-geral da República,
Rodrigo Janot, recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF), com pedido de
reconsideração/agravo regimental da decisão liminar que trata do
afastamento dos deputados Moisés Reátegui de Souza e Jorge Evaldo Edinho
Duarte Pinheiro da mesa diretora da Assembleia Legislativa do Amapá
(ALAP).
O
recurso do Ministério Público Federal (MPF), ainda não julgado, tem por
objetivo garantir o cumprimento da decisão de mérito do pleno do
Tribunal de Justiça do Amapá, nos autos da ação penal
0000933-95.2012.8.03.0000, que concluiu pela manutenção do afastamento
dos acusados, até o final da ação penal conhecida como “Caso COOTRAM”,
decisão esta ratificada em outras ações penais movidas pelo Ministério
Público do Amapá Estadua.
A cooperativa Cootram recebeu quase R$ 5,5 milhões da Assembleia, sem alugar umn veículo sequer.
A cooperativa Cootram recebeu quase R$ 5,5 milhões da Assembleia, sem alugar umn veículo sequer.
O MPF relata que “os interessados
estão sendo processados em ações penais (12) e por improbidade
administrativa (11), por reiteradas e contumazes práticas de delitos de
corrupção ativa, fraude em licitações, formação de quadrilha, envolvendo
aluguel de veículos pela Assembleia Legislativa do Estado do Amapá.
Prejuízos na ordem de mais de R$ 22 milhões.”
Ainda
no agravo, argumenta o MPF que, pelo princípio da proporcionalidade, a
apuração dos fatos e a punição dos acusados em prol da coletividade
superam qualquer argumento judicial de prejuízo aos parlamentares, ante a
manutenção de seus afastamentos da condução da mesa diretora da
Assembleia.
Argumenta,
ainda, que a medida é imprescindível para que não haja interferência
direta na continuidade das investigações e novas ações penais que ainda
estão sendo ofertadas pelo MP, além da gravidade dos crimes cometidos
pelos acusados e vultoso prejuízo aos cofres públicos. De acordo com o
último levantamento das ações impetradas pelo Ministério Público que
envolve os acusados, o prejuízo financeiro ao contribuinte já se
aproxima de R$ 29 milhões de reais.
Paulo Silva do Amapá 247
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