segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quase 85 mil paraenses vivem sob risco no limite


Casas estão em áreas sujeitas a enxurradas, deslizamentos e inundações

O Pará tem 84.915 pessoas morando em 20.931 residências situadas em locais de alto e muito alto risco para catástrofes naturais, como deslizamentos, enxurradas e inundações, segundo levantamento do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Os dados preliminares do relatório do órgão que, desde 2012, realiza os mapeamentos foram divulgados na semana passada e englobam 29 municípios. 

Outros seis, incluindo Abaetetuba, onde ocorreu a destruição de 51 imóveis devido ao deslizamento de terra às margens do rio Maratauíra, no dia 4 deste mês, serão estudados este ano. Outro dado alarmante, de acordo com a Defesa Civil do Estado, é a ausência da atuação das Coordenadorias de Defesas Civis Municipais (Comdecs), os primeiros órgãos responsáveis para o combate às calamidades nas cidades. Dos 144 municípios paraenses, somente 10% têm defesas municipais atuantes em todos os níveis.

A costureira Zilda Maria Ribeiro, 43 anos, é uma dos milhares de pessoas que convivem com os 
constantes alagamentos em áreas de risco, ficando suscetível a doenças e a perdas materiais. Ela e os dois netos Nicholas das Neves, de seis anos, e Andrei das Neves, três anos, moram em uma casa na rua dos Caripunas, entre as travessas 14 de março e Alcindo Cacela. Eles temem quando vêem nuvens escuras se formarem no céu de Belém. Para Zilda, cuja renda mensal é de um salário mínimo, mesmo tendo perdido quase todos os bens em eventos anteriores, a situação não chega a ser uma calamidade. "Não chega a ser uma catástrofe. É uma coisa que dá prejuízo e eu não tenho como repor. O que eu consegui foi com doações de amigos e da minha filha", relatou.

As chuvas representam riscos constantes para ela. "Se chover, eu sei que minha casa vai encher e vai para o fundo. Se ela [chuva] for intensa, em meia-hora a água já está aqui. Na última vez, só deu tempo de gritar e levantar os móveis", contou, referindo-se à chuva de domingo passado, 12, dia do aniversário da cidade, que ultrapassou 100mm, cinco vezes mais intensa que as chuvas cotidianas, que alcançam aproximadamente 20mm. O enfrentamento a esse e outros desastres deve ser desenvolvidos conjuntamente entre diversos órgãos públicos das três esferas (federal, estadual e municipal). As ações envolvem ministérios, órgãos de previsão climatológicas, Defesa Civil do Estado, coordenadorias municipais e secretarias das prefeituras. No entanto, muitos municípios padecem com a falta de planejamento.

ALAGAMENTOS

Segundo levantamento do CPRM, a capital é a quinta cidade do Pará com mais moradores em áreas de alto e muito alto risco (5.028), que estão em 1.216 residências. A Defesa Civil de Belém, responsável pela atualização do plano de contingenciamento de catástrofes, tem identificado 94 pontos críticos de alagamentos na cidade. A arquiteta da Comdec de Belém, Maria Rosário, informa que o órgão irá cruzar os dados do CPRM com os da Prefeitura. Ela ainda relata que os órgãos públicos estão se preparando para qualquer tipo de acontecimento natural, como alagamentos, deslizamentos, ventanias e chuvas fortes.
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisa mostra que setor industrial representa aproximadamente 12% do PIB do Amapá

  Para marcar o Dia da Indústria, celebrado nesta terça-feira, 25 de maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou pesquisa qu...