Casas estão em áreas sujeitas a enxurradas, deslizamentos e inundações
O Pará
tem 84.915 pessoas morando em 20.931 residências situadas em locais de
alto e muito alto risco para catástrofes naturais, como deslizamentos,
enxurradas e inundações, segundo levantamento do Serviço Geológico do
Brasil (CPRM). Os dados preliminares do relatório do órgão que, desde
2012, realiza os mapeamentos foram divulgados na semana passada e
englobam 29 municípios.
Outros seis, incluindo Abaetetuba, onde ocorreu a
destruição de 51 imóveis devido ao deslizamento de terra às margens do
rio Maratauíra, no dia 4 deste mês, serão estudados este ano. Outro dado
alarmante, de acordo com a Defesa Civil do Estado, é a ausência da
atuação das Coordenadorias de Defesas Civis Municipais (Comdecs), os
primeiros órgãos responsáveis para o combate às calamidades nas cidades.
Dos 144 municípios paraenses, somente 10% têm defesas municipais
atuantes em todos os níveis.
A
costureira Zilda Maria Ribeiro, 43 anos, é uma dos milhares de pessoas
que convivem com os
constantes alagamentos em áreas de risco, ficando
suscetível a doenças e a perdas materiais. Ela e os dois netos Nicholas
das Neves, de seis anos, e Andrei das Neves, três anos, moram em uma
casa na rua dos Caripunas, entre as travessas 14 de março e Alcindo
Cacela. Eles temem quando vêem nuvens escuras se formarem no céu de
Belém. Para Zilda, cuja renda mensal é de um salário mínimo, mesmo tendo
perdido quase todos os bens em eventos anteriores, a situação não chega
a ser uma calamidade. "Não chega a ser uma catástrofe. É uma coisa que
dá prejuízo e eu não tenho como repor. O que eu consegui foi com doações
de amigos e da minha filha", relatou.
As
chuvas representam riscos constantes para ela. "Se chover, eu sei que
minha casa vai encher e vai para o fundo. Se ela [chuva] for intensa, em
meia-hora a água já está aqui. Na última vez, só deu tempo de gritar e
levantar os móveis", contou, referindo-se à chuva de domingo passado,
12, dia do aniversário da cidade, que ultrapassou 100mm, cinco vezes
mais intensa que as chuvas cotidianas, que alcançam aproximadamente
20mm. O enfrentamento a esse e outros desastres deve ser desenvolvidos
conjuntamente entre diversos órgãos públicos das três esferas (federal,
estadual e municipal). As ações envolvem ministérios, órgãos de previsão
climatológicas, Defesa Civil do Estado, coordenadorias municipais e
secretarias das prefeituras. No entanto, muitos municípios padecem com a
falta de planejamento.
ALAGAMENTOS
Segundo
levantamento do CPRM, a capital é a quinta cidade do Pará com mais
moradores em áreas de alto e muito alto risco (5.028), que estão em
1.216 residências. A Defesa Civil de Belém, responsável pela atualização
do plano de contingenciamento de catástrofes, tem identificado 94
pontos críticos de alagamentos na cidade. A arquiteta da Comdec de
Belém, Maria Rosário, informa que o órgão irá cruzar os dados do CPRM
com os da Prefeitura. Ela ainda relata que os órgãos públicos estão se
preparando para qualquer tipo de acontecimento natural, como
alagamentos, deslizamentos, ventanias e chuvas fortes.
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