Decorridos 33 anos da tragédia do navio Novo Amapá, onde cerca de 300
pessoas morreram, segundo números oficiais, o prefeito de Santana,
Robson Rocha está anunciando para agosto a construção de um memorial
destinado ao sepultamento definitivo das vítimas da tragédia. De acordo
com o prefeito, o memorial será escolhido pela própria população, que
vai ter oportunidade de opinar sobre o projeto, que poderá ser erguido
dentro do próprio cemitério ou em uma área na orla de Santana, que está
em fase de revitalização.
A preocupação maior de Robson Rocha é a desocupação das valas comuns onde onde corpos foram sepultados, em situação precária. Segundo o prefeito, esse desordenamento de túmulos superlotou o cemitério local, obrigando familiares a buscarem vagas em cemitérios da capital. “Nosso objetivo é conseguirmos mais espaços no cemitério local sem afetar a memória das vítimas daquela tragédia horrível que até hoje faz tanta gente sofrer”, afirma Rocha, que complementa: “Pelo contrário, pois com a construção do Memorial, não apenas os parentes e amigos, como também a população como um todo e mesmo turistas terão um local de referência para visitação”.
O Memorial, com custo estimado em R$ 250 mil, será uma espécie de museu, que abrigará não apenas os corpos, com fotos das vítimas, documentos e objetos relacionados às tragédia.
Um dos sobreviventes da tragédia, que à época contava com 13 anos de idade, Cláudio Lima da Silva, atualmente com 48 anos, ainda hoje se emociona quando é instado a falar sobre o acidente. Filho “de criação” do proprietário do Novo Amapá, que também perdeu a vida nas águas barrentas do rio Jari, ele se declara “totalmente a favor” da construção do Memorial.
Para Cláudio, “se há pessoas contra (o Memorial) é bem pouca gente, porque as centenas de pessoas que perderam a vida naquele lamentável acidente precisam descansar em paz, ficar num lugar definitivo, digno, onde possam ser visitadas sem qualquer entrave, e sem que, vira e mexe sejam tidas como se estivessem ocupando um lugar que não é delas”, acrescentando: “O Memorial, além de servir de morada para as vítimas, inclusive para o meu querido pai de criação, vai também acabar se transformando em um ponto turístico”, sugere.
Profanação
Há quem é contra a ideia de construção do memorial ao naufrágio do
barco Novo Amapá. Mãe de duas pessoas que perderam a vida na tragédia,
M.A.M., com 76 anos de idade atualmente, também sobrevivente, e que
prefere não se identificar, diz que o projeto do Memorial é um erro:
“Como se não bastasse tanta dor, tanto sofrimento desde o dia da
tragédia até hoje, ainda temos que conviver com essa ameaça de
profanação dos corpos. Se o prefeito quer conseguir mais vagas para
enterrar gente, que desaproprie uma área em Santana e construa outro
cemitério, porque é errado mexer com quem já está no descanso eterno”,
reage, indignada.
O prefeito Robson Rocha ressalta que o cemitério de Santana foi construído em 1977, e ao longo dos anos não passou por nenhuma ampliação, encontra-se com sua capacidade esgotada, o que impossibilita a realização de novos sepultamentos. Atualmente, o local possui 15 mil corpos enterrados. Somente pessoas com jazigos de família são sepultadas, sendo o restante é transferido ao cemitério São Francisco, na zona norte de Macapá.
Memória
O prefeito Robson Rocha ressalta que o cemitério de Santana foi construído em 1977, e ao longo dos anos não passou por nenhuma ampliação, encontra-se com sua capacidade esgotada, o que impossibilita a realização de novos sepultamentos. Atualmente, o local possui 15 mil corpos enterrados. Somente pessoas com jazigos de família são sepultadas, sendo o restante é transferido ao cemitério São Francisco, na zona norte de Macapá.
Memória
O naufrágio do barco Novo Amapá foi um dos maiores acidentes fluviais
ocorridos na Amazônia. Depois de partir do Porto dos Silva, em Santana
por volta de 14h, naufragou cerca de cinco horas após, nas proximidades
do distrito paraense de Monte Dourado, em Almeirim, onde seria o destino
final. Após o naufrágio, a Capitania dos Portos divulgou a relação dos
passageiros, em número de 150. Depois do resgate das vítimas, chegou-se a
um total de quase 300 mortos, mas esses números ainda hoje são
contestados, por conta dos desaparecidos, cujo total pode chegar a 350.
De acordo com o inquérito instaurado pelo Departamento Regional da Marinha do Pará, que recebeu o nº 22.031, o barco Novo Amapá tinha 25 metros de comprimento, com capacidade para transportar até 400 pessoas, além de 500 quilos de carga, mas, conforme levantamentos feitos depois do naufrágio, a embarcação partiu do Porto dos Silva com mais de 600 passageiros e cerca de uma tonelada de carga.
De acordo com o inquérito instaurado pelo Departamento Regional da Marinha do Pará, que recebeu o nº 22.031, o barco Novo Amapá tinha 25 metros de comprimento, com capacidade para transportar até 400 pessoas, além de 500 quilos de carga, mas, conforme levantamentos feitos depois do naufrágio, a embarcação partiu do Porto dos Silva com mais de 600 passageiros e cerca de uma tonelada de carga.
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