O presidente nacional do PT, Rui Falcão, defendeu hoje (4) o combate à
corrupção, mas fez críticas à condução das investigações da Operação
Lava Jato, afirmando que o partido está sendo prejudicado no processo.
“O combate implacável à corrupção deve continuar, mas não de forma
seletiva, sem o espetáculo midiático, não com a inversão do ônus da
prova, não com prisões preventivas sendo objeto de coação para forçar
delação”, disse Falcão.
Em entrevista coletiva à imprensa na sede
do partido em Brasília, Falcão explicou que o partido sofre processo de
“criminalização” por setores da sociedade. “Prossegue a escalada
dirigida por setores conservadores, pela mídia monopolizada, por alguns
partidos da oposição, tentando, como sempre, criminalizar nosso partido,
de modo a fragilizar o governo da presidenta Dilma e atingir a
popularidade do [ex-] presidente Lula.”
As declarações do presidente do PT ocorrem um dia após a prisão de
José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do próprio PT,
no âmbito da Lava Jato. Falcão acrescentou que não há culpados até que
sejam apresentadas provas.
“Não estamos abandonando nenhum companheiro. Mas, independente
disso, não se deve presumir a culpa. Para mim, qualquer pessoa que seja
acusada, não só o Zé Dirceu, é inocente até que se prove o contrário.”
As declarações de Falcão vão ao encontro de uma nota divulgada hoje à tarde pelo partido.
“Se
o princípio da presunção da inocência é violado, se o espetáculo
jurídico-político-midiático se sobrepõe à necessária produção de provas
[…], se prisões preventivas sem fundamento são feitas e prolongadas para
constranger psicologicamente e induzir denúncias […], não é a corrupção
que está sendo extirpada. É um estado de exceção sendo gestado em
afronta à Constituição e à democracia”, diz um trecho do comunicado.
A nota também faz críticas ao ataque contra o Instituto Lula,
atingido por um artefato explosivo arremessado de dentro de um carro
contra o local. “[O atentado] merece o repúdio de todos os democratas e
exige das autoridades a identificação dos responsáveis e sua punição
exemplar”. Na nota, o partido se diz “indignado” pela “conveniência
silenciosa de certos meios de comunicação e partidos, que se dizem
democráticos, com o atentado de caráter fascista”.
Na entrevista,
Falcão informou que o mês de agosto terá uma série de manifestações de
rua com participação do PT. Dentre elas, a Marcha das Margaridas
(caravana de trabalhadoras rurais rumo a Brasília), dias 11 e 12 de
agosto, e o Ato Nacional pela Educação, dia 14 de agosto. Esse último,
também marcado para Brasília, deverá contar com a presença de Lula.
Dois dias depois do Ato pela Educação, está marcada uma manifestação nacional contra o governo de Dilma Rousseff. Em relação a essa manifestação, Falcão disse: "É um direito que eles têm de fazer as manifestações. Espero que transcorra sem violência, sem depredações”.
Fonte: Agência Brasil
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