sábado, 5 de julho de 2014

Estado do Amapá se estrutura para escoar produção recorde de soja

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima para 2014 produção recorde de soja no Amapá. O último Levantamento Sistemático da Produção Agrícola do IBGE, divulgado no final do mês de junho, prevê aumento de 253,96% na produção do grão, o equivalente a 45,6 mil toneladas acima da safra passada, que foi de 12,9 mil.

Dados do IBGE mostram, ainda, que esse aumento se deu em função do salto na área plantada. Enquanto em 2013, a soja foi colhida numa área de 4.528 hectares tendo como rendimento médio 2.850 toneladas por hectare, resultando numa produção de 12.906 toneladas; em 2014, a projeção sobe para 15.825 hectares plantados, com previsão de rendimento médio de 2.887 toneladas por hectare. Isso significa um aumento também na produtividade para 45.682 toneladas por hectare, segundo o Instituto.

Conforme projeção da Cooperativa dos Produtores Agrícolas do Cerrado 
 Amapaense (Coopac), a tendência é de crescimento a cada ano da produção de soja no Amapá – uma novidade no setor rural do Estado, descoberto recentemente por médios produtores vindos de outras regiões do país, entre gaúchos, paranaenses, mineiros e mato-grossenses. 

Esse, aliás, foi um dos motivos que levou à criação da Cooperativa na década de 2000, para recepcionar e orientar os interessados em se fixar no Estado.

Pelas contas da Coopac, dos cerca de 50 cooperados, pouco mais da metade já se encontra instalada do Amapá e os demais estão se preparando para plantar grãos no Estado. Isso também explica o aumento na produção de outros cultivos como arroz, feijão (caupi) e milho, também registrado pelo IBGE.

Última fronteira agrícola

"O Amapá foi descoberto como a última fronteira agrícola do Brasil para desafogar as rotas que existem, atualmente, para escoamento de grãos ao mercado local e internacional", explicou o presidente da Coopac, Tobias Laurindo, um paranaense que atua como produtor rural há mais de 20 anos no Amapá.

Laurindo, que também é economista, prevê que, se o cenário que se apresenta continuar se desenvolvendo, num período de dez anos o agronegócio poderá atingir 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado. Atualmente, o setor primário alcança 4% do PIB amapaense.

"A exemplo do que aconteceu em outras regiões do país, já existem casos, no Amapá, de pessoas migrando para o interior e se fixando lá por causa dos postos de trabalho que estão sendo gerados que se dividem em temporários, permanentes e indiretos", relatou o presidente da Coopac, depois de enumerar o que os produtores rurais necessitam para continuar produzindo grãos no Estado: asfaltamento de estradas, liberação de licenças ambientais e regularização fundiária.

Escoamento da produção

Para escoar o produto, o Governo do Amapá incentiva a instalação de empresas que atuam no transporte de grãos concedendo isenção fiscal; investe na pavimentação de estradas no interior; está construindo um silo de armazenamento de grãos com capacidade para 9 mil toneladas na BR-156, próximo à Polícia Rodoviária Federal, em Macapá; e trabalha em parceria com a 

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Amapá (Embrapa/AP). Essa última iniciativa diz respeito não só ao apoio à pesquisa, como também a uma ação conjunta com outras instituições, coordenadas pela Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia (Setec), que consiste na preparação do Zoneamento Ecológico do Cerrado, que vai delimitar as áreas aptas para plantio.

Determinado pelo governador Camilo Capiberibe, o Zoneamento vai permitir a elaboração de um plano de gestão para ações que envolvam também o licenciamento e política de conservação das áreas de cerrado do Estado do Amapá, que equivalem a quase 1 milhão de hectares (ou 6,9% do território amapaense). A previsão é que esse estudo seja concluído no segundo semestre de 2014.

"O objetivo é investir na agricultura de escala comercial, uma vez que esse trabalho já é executado no nosso Estado por produtores que visualizaram o potencial do Amapá para o agronegócio", registrou o governador.
Além disso, pesquisadores da Embrapa Amapá e Pará monitoram as áreas de cerrado amapaense através de um programa de melhoramento genético da soja que envolve várias unidades da Embrapa espalhadas pelo país e centenas de profissionais especializados.

"Os produtores que investem no plantio da soja no Amapá estão seguindo todas as orientações de boas práticas para produzir preservando o meio ambiente", destacou o agrônomo Gustavo Castro, que é analista de Transferência de Tecnologia da Embrapa/AP.

Sobre o impacto ambiental, o presidente da Coopac, Tobias Laurindo, disse que todas as áreas utilizadas pelos produtores rurais para plantio são demarcadas por aparelho de georeferenciamento.
"Todo o cultivo de grãos é feito a partir de projeto ambiental de modo a preservar os rios e a mata", informou.

Exportação de soja

Criada exclusivamente para o transporte e logística de grãos no Amapá por investidores do Estado de Mato Grosso, a empresa Companhia Norte de Navegação e Portos (Cianport) já recebeu autorização da Secretaria Nacional de Portos para instalar um Terminal de Uso Privado (TUP) no município de Santana, onde está localizado o porto amapaense de onde pretende exportar a soja.

A autorização, que já vinha sendo pleiteada pela empresa, veio dez dias depois que o Governo do Amapá realizou o Seminário Logística e Offshore, em Macapá (AP). Na ocasião, foram apresentadas a empresários e investidores de diversas regiões do país que atuam no setor de grãos, agronegócio e indústria do petróleo as condições e perspectivas de desenvolvimento do Estado.

O evento contou ainda com a presença de representantes do Instituto de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Agência Nacional do Petróleo (ANP), Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Secretaria de Portos, Empresa de Planejamento e Logística (EPL), entre outras instituições.

"Não só os empresários como o próprio Governo Federal puderam observar a seriedade e disposição do Governo do Amapá em desenvolver a atividade industrial no Estado. Daí a sensibilidade em liberar essa autorização para a Cianport", avaliou o governador Camilo Capiberibe.

A empresa também está construindo um terminal graneleiro numa área concedida dentro da Companhia Docas de Santana (CDSA). Nessa primeira fase de instalação da Cianport, estão sendo gerados 72 empregos, sendo que 95% dessa mão de obra são do Amapá, segundo a empresa. Com previsão de término para outubro de 2014, a obra consiste na construção de três silos com capacidade de armazenar 18 mil toneladas de grãos, cada.

"Pretendemos contratar em torno de 80 colaboradores quando a empresa começar a operar no segundo semestre de 2014, assim que forem liberadas as licenças, dos quais 90% da mão de obra também serão locais", anunciou o gerente Gilberto Coelho.

Já na segunda fase do projeto da Cianport, está prevista a abertura de mais 110 postos de trabalho quando iniciarem as obras do TUP na Ilha de Santana e da planta industrial para beneficiamento de grãos, numa área que o governador Camilo Capiberibe assinou decreto para a instalação de empresas.

A Companhia de Navegação também tem planos de construir um estaleiro próximo ao Terminal de Uso Privado.

Atração de investidores

Além da Cianport, outros investidores já sondaram o potencial do Amapá para a atividade industrial e estão consolidando a instalação de seus empreendimentos no Amapá.

"Temos recebido cada investidor com muita disposição em apresentar as condições favoráveis para se fixar no nosso Estado", reafirmou o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Mineração, José Reinaldo Picanço.

É o caso do grupo paranaense Caramuru, dono da marca Sinhá e um dos principais que atuam no Brasil nos segmentos animal, industrial, produtos de consumo, commodities, biodiesel e logística e que está presente nos estados de Goiás, Mato Grosso e São Paulo, além do Paraná.

 O grupo já dispõe de uma área na Ilha de Santana para atuar no Amapá com o processamento de soja e seus derivados. A intenção é industrializar e escoar esses produtos ao mercado nacional e internacional, por meio da área portuária de Santana.

Outro empreendimento que se interessou em se fixar no Amapá, entre vários que têm procurado o Governo do Estado, foi a empresa Navegação Prates, sediada em Manaus (AM). De olho na movimentação da carga na costa amapaense, a empresa quer construir um estaleiro e também dar suporte logístico nas operações que envolvem a possível exploração de petróleo na região.

Pelos planos da empresa, o estaleiro servirá para comércio, construção e manutenção das barcaças e navios, que serão utilizados no transporte de carga e grãos para a Região Amazônica e ao exterior. O local também deve funcionar como oficina mecânica para limpeza de barcaças com soja e demais produtos, durante o transbordo de carga. 

O objetivo também é qualificar mão de obra local para trabalhar no estaleiro, gerando mais de 300 empregos na região.

Fonte: Agência Amapá

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