No dia 31 de Julho de 2014, a Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado do Amapá (Adepol - AP) divulgou uma carta aberta à sociedade amapaense criticando a atenção dispensada do Governo do Amapá à Polícia Judiciária. Na carta, a Adepol diz que as delegacias estão em condições estruturais absolutamente deploráveis e os usuários e servidores passam por
situações humilhantes.
Neste documento, a Adepol coloca que muitas vezes os próprios delegados e agentes tiram dinheiro do próprio bolso para comprar combustível e papel para impressora das Delegacias. Além disso, compara o orçamento anual da Polícia Civil com outras secretarias do Governo do Estado.
Neste documento, a Adepol coloca que muitas vezes os próprios delegados e agentes tiram dinheiro do próprio bolso para comprar combustível e papel para impressora das Delegacias. Além disso, compara o orçamento anual da Polícia Civil com outras secretarias do Governo do Estado.
Como exemplo, utiliza a Secretaria de Comunicação (Secom) que possui o orçamento de R$15.480.252,95 - um valor cinco vezes maior que o da Polícia Civil (R$ 3.103.552,98).
“Por conta desta inversa e aberrante política de prioridades estatais, a qual ao mesmo tempo em que privilegia a farsa publicitária e enaltece a política do pão e circo, subverte valores essenciais como a segurança do cidadão, de forma que interesses secundários e medíocres preponderam em detrimento de bens inalienáveis como a vida, honra, patrimônio das pessoas físicas e jurídicas”, disse Adepol, na primeira carta aberta à sociedade.
No dia posterior à publicação da carta, a Delegacia Geral de Polícia Civil do Amapá (DGPC) negou às denúncias feitas pelos delegados e divulgou através de nota à imprensa que as reclamações da Adepol são ofensivas e de cunho político partidário. Na nota, a DGPC relatou que as manifestações são antidemocráticas e denigrem de maneira geral a imagem da Polícia Civil.
“A carta se utiliza de linguagem hostil e com cunho político partidário, claramente veiculada com o propósito eleitoral e com afirmações inverídicas”, relata a DGPC, colocando que a veiculação dessa carta tem o intuito de prejudicar o Governo do Estado do Amapá. No texto, a Delegacia Geral nega também as coletas citadas pela Adepol para a compra de papel e material de expediente para as delegacias.
“A DGPC informa que possui contrato de reprografia através de licitação para atender suas unidades policiais, fornecendo a impressão de oito mil cópias por mês, além das resmas de papel, toner e manutenção das máquinas.
Ressaltamos que, desde 2011, ocorre a aquisição de toner original e, atualmente, o estoque está completo no prédio da DGPC.
Caso algum servidor tenha comprado material de expediente ou combustível com recursos próprios, trata-se de uma decisão pessoal”, disse.
Desestrutura
nas delegacias
nas delegacias
Esta semana, seis dias após a divulgação da nota à imprensa feita pela Delegacia Geral do Estado do Amapá, a Adepol, mais uma vez, decidiu emitir uma nova carta à sociedade mostrando, dessa forma, o desentendimento entre Delegacia Geral do Amapá e Associação dos Delegados do Amapá. No texto, a Associação dos Delegados revela a desestrutura de muitas delegacias espelhadas pelo Amapá.
O texto começa não concordando com quase nada das justificativas dadas pela DGPC, mas entende que a instituição “se vê obrigada a defender o Governo que a mantém nos cargos de confiança de todas as titularidades de todas as unidades da Polícia Civil do Amapá submetem-se a critérios quase que totalmente políticos, o contrário daquilo que gostaria a classe de Delegados”.
Para a Adepol, a nota dada pela DGPC tenta defender o indefensável e explicar o inexplicável. Quanto às críticas emitidas na nota de imprensa, acusando que a carta seria ofensiva e antidemocrática, a entidade esclareceu que o documento, antes de ser veiculado, foi defendido e aprovado em Assembleia e reflete a opinião dos delegados da Polícia Civil.
“A carta é fruto de diversas reflexões de toda a categoria de delegados que, cansados de buscarem por mais de três anos de forma insistente e paciente, porém silenciosa, diálogo com a administração, recebendo em troca silêncio e portas fechadas... Não se pode confundir comportamento subserviente (talvez o desejo de alguns) com democrático”, disse a segunda carta da Associação dos Delegados.
O documento da Adepol nega que tenha criado mentiras para prejudicar a imagem do governo e diz que somente um dado econômico não foi retirado do próprio portal da transparência, que seria o contrato de publicidade da Secom de 28 milhões de reais. “Contra fatos não se argumenta. A emenda sai pior que o soneto! Se a imagem da Polícia Civil é a imagem do próprio Governo (e é!) por quê na publicidade oficial do mesmo Governo do Estado do Amapá não se divulgam fotos atuais das delegacias? Porque não mostrar a Delegacia de Crimes Contra a Mulher de Santana, a Delegacia de Mazagão, a 6ª DP onde funcionava até poucos dias o plantão da DEIAI, a 1ª DP de Santana, do CIOSP do Congós, Novo Horizonte?! Então é ofensivo mostrar mas não é ofensivo manter?”, questionou a Adepol.
Para a associação dos Delegados de Polícia Civil, aparentemente é ofensivo para a DGPC mostrar a situação das delegacias, mas não é ofensivo mantê-las insalubres. “Para a ADEPOL não há ofensa maior para os nossos policiais do que ter que trabalhar em lugares tão deteriorados, com ratos e insalubridade de toda ordem! Não há ofensa maior do que receber o cidadão em lugares tão indignos, em prédios tão dilacerados”.
Quanto à informação da DGPC sobre as coletas para comprar recursos para a
Quanto à informação da DGPC sobre as coletas para comprar recursos para a
Delegacia, feitas por decisão pessoal pelos servidores, a associação defende “que os delegados são solidários ao usuário que sofre, necessitando dos serviços da Polícia, porque são homens e mulheres de bem, porque são vencidos pelo cansaço e desânimo por uma resposta proativa (que nunca se manifesta) da administração!”.
A Adepol encerra sua carta enfatizando que “a maioria de seus associados sabe que governos passam e que o mais importante é o bem dos Delegados e, sobretudo, da Polícia Judiciária!”.
Caroline Mesquita
Da Reportagem
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