O juiz federal da 4ª Vara, Togo Paulo Ricci, condenou no 
último dia 19 de agosto, a quatro anos e três meses de reclusão 
iniciando no regime semiaberto, o ex-secretário de Estado da Educação, 
José Adauto Santos Bitencourt, pela prática de superfaturamento em 
licitação, para a compra de gêneros alimentícios destinados à merenda 
escolar.
Com exceção do ex-secretário de Waldez Góes, todos os demais 
condenados vão iniciar o cumprimento da pena em regime aberto. Na 
sentença o juiz declara que a culpabilidade de Adauto é reprovável e 
merecedora de elevada censura, pois foi advertido das consequências 
negativas a cerca da contratação da empresa que venceu o pregão.
Entenda o caso
A denúncia foi feita em 2010 pelo Ministério Público Federal (MPF), 
que os acusou de fraudar o pregão presencial Nº 023/2006-CPL/Seed, em 
virtude que os produtos alimentícios, objetos da licitação, foram 
adquiridos por preços superiores a média do mercado.
A fraude
De acordo com MPF a fraude iniciou na cotação dos preços. Das 
empresas que participaram desta fase somente a empresa M.G. Rocha, cuja 
responsável era Maria Graças, exercia atividade econômica por meio de 
estabelecimento comercial aberta ao público. As demais nem sequer 
existiam ou não tinham condições de participar do certame.
Burlando a lei
No faz de conta, no momento da realização do pregão, a empresa 
vencedora, chegou inclusive a baixar o preço de alguns produtos, e 
diminuir o valor global da licitação. No entanto, para o MPF, essa 
irrisória redução tinha o único objetivo de dar legalidade ao certame.
A comparação dos preços
O Ministério Público usou como exemplo o pregão Nº 017/2006, 
realizado no mesmo ano e destinado ao mesmo fim. Nele um biscoito doce 
foi comprado a R$ 1,38. No pregão que resultou na condenação dos réus, o
 mesmo produto custou aos cofres públicos R$ 3,00.
Sem saída
Ainda segundo MPF o superfaturamento também pode ser claramente 
identificado comparando a cotação de preço com a proposta de preço 
realizada no pregão 023/2006 pela empresa M.G. Rocha. Neste caso, o 
biscoito doce foi cotado pela empresa a R$ 1,50. Posteriormente, durante
 a realização do pregão, o valor foi majorado, arbitrariamente, para R$ 
3,20.
"Assim, não obstante a redução, constata-se que a empresa M.G.Rocha 
elevou os preços e realizou venda em prejuízo a Fazenda Pública, o que 
só foi possível mediante conluio com os demais réus", disse o 
magistrado.
Réu na operação Mãos Limpas
Além desse crime, o ex-secretário José Adauto Bittencourt é réu na 
operação Mãos Limpas, onde inclusive chegou a ser preso. Ele é acusado 
de fazer parte do esquema que desviou milhões da Secretaria de Estado da
 Educação. A fraude teve início quando a Seed dispensou licitação para 
contratar a empresa de vigilância Amapá VIP. De julho de 2007 a setembro
 de 2010, o procedimento aconteceu quatro vezes.
O prejuízo
Além das dispensas ilegais, para manter os serviços, os contratos 
firmados com a empresa foram prorrogados outras cinco vezes. Os mais de 
três anos de contratação irregular causaram dano ao erário de mais de 
R$100 milhões.
Sem licitação
O então secretário José Adauto Bittencourt, sem fundamento, revogou o
 processo licitatório. Em seguida, a Seed contratou emergencialmente a 
empresa de Alexandre Gomes de Albuquerque, Amapá VIP. Segundo a ação, a 
contratação da Amapá VIP se perpetuou no tempo. O contrato de emergência
 foi sendo prorrogado por vários anos, sem justificativa plausível para a
 dispensa na licitação.
O articulador
Durante a investigação, o MPF/AP constatou que o então secretário de 
Educação, Adauto Bittencourt, era o responsável por manter o contrato 
com a Amapá VIP. Ele também atuava junto à Secretaria de Planejamento 
(Seplan) para acelerar o pagamento à empresa. Pelos serviços, o 
ex-secretário recebia por mês cem mil reais de Alexandre Gomes de 
Albuquerque.
Veja a Sentença
Redação MZ
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