Homem protesta contra o Vaticano em frente à sede do escritório da ONU na Suíça, em janeiro deste ano |
A ONU exigiu nesta quarta-feira (5) que o Vaticano "remova
imediatamente" todos os clérigos suspeitos ou que de fato praticaram
abuso sexual contra crianças e que os entregue a autoridades civis.
Uma comissão de direitos humanos da ONU denunciou o Vaticano por adotar
políticas que permitiram padres estuprar e molestar dezenas de milhares
de crianças ao longo dos anos.
Em um relatório publicado nesta
quarta-feira, a agência da ONU para os direitos das crianças disse que a
Santa Sé também deve entregar seus arquivos sobre o abuso sexual de
dezenas de milhares de crianças, para que culpados, bem como "os que
ocultam seus crimes", possam ser responsabilizados.
"O Comitê
está seriamente preocupado que a Santa Sé ainda não reconheceu a
extensão dos crimes cometidos, não tomou as medidas necessárias para
lidar com casos de abuso sexual de crianças e para proteger as crianças,
e adotou políticas e práticas que levaram à continuação do abuso e à
impunidade dos agressores ", disse o relatório.
"A comissão criada pelo papa Francisco em dezembro deve investigar
todos os casos de abuso sexual de crianças, "bem como a conduta da
hierarquia católica em lidar com eles", afirmou o relatório.
Padres pedófilos foram transferidos de paróquia ou para outros outros
países "em uma tentativa de encobrir esses crimes", acrescentou o
documento.
"Devido a um código de silêncio imposto a todos os membros do clero,
sob pena de excomunhão, os casos de abuso sexual de crianças quase nunca
foram denunciados às autoridades policiais dos países onde tais crimes
ocorreram", disse o órgão da ONU.
Em uma sessão pública, no mês
passado, o comitê indagou delegados do Vaticano para que revelassem o
alcance do abuso sexual de menores durante décadas por padres católicos,
em um caso que o papa Francisco chamou de "a vergonha da Igreja".
A delegação da Santa Sé, respondendo a perguntas de um painel de
direitos internacionais pela primeira vez desde que as primeiras
denúncias surgiram há mais de duas décadas, negou as acusações de
encobrimento do Vaticano e disse que tinha estabelecido regras claras
para proteger as crianças dos padres pedófilos.
O comitê da ONU
também criticou severamente a Santa Sé por suas atitudes em relação à
homossexualidade, à recusa a aceitar métodos contraceptivos e o aborto e
pediu ao Vaticano que reveja suas políticas para garantir os direitos
das crianças e o acesso à saúde.
O órgão da ONU disse que a
Igreja Católica ainda não tomou medidas para evitar a repetição de casos
como o escândalo das lavanderias na Irlanda, onde meninas foram
arbitrariamente colocadas em condições de trabalho forçado.
O
comitê pediu uma investigação interna das lavanderias e instituições
similares, de modo que aqueles que foram responsáveis possam ser
julgados e que "a compensação integral do abuso seja paga às vítimas e
suas famílias".
Do UOL
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