A
pororoca do Rio Araguari, que já foi considerada a maior onda do mundo
em extensão, deixou de existir. A afirmação é da Associação Brasileira
de Surf na Pororoca (Abraspo) que esteve na região há cerca de 30 dias
com uma emissora de televisão japonesa (TBS) para a produção de um
documentário.
Segundo a
associação, na última visita ao local os velejadores foram pegos de
surpresa por um braço de areia que atravessava o rio Araguari de um lado
a outro por cerca de 3 quilômetros e impedia a perpetuação da onda.
“É
triste constatar isso, mas a onda que colocou o Amapá na rota do surf
internacional deixou de existir por conta da interferência do homem na
natureza. Agora teremos que nos contentar com as ondas encontradas em
outras três localidades do Estado”, contou o presidente da Abraspo,
Noélio Sobrinho.
A
associação defende que entre os principais fatores que levaram à
extinção da onda está a criação sem manejo de búfalos. O pisoteio dos
animais (os maiores chegam a pesar meia tonelada) forma canais enormes
criando diferentes pontos de desvio no rio tirando força das águas.
“Além é claro da criação de mais uma barreira do rio, com o intuito de
desviar a força das águas para a nova hidrelétrica, localizada no leito
do Araguari nas proximidades do município de Ferreira Gomes”, denunciou o
presidente.
Sem essa
força nas águas, a onda não consegue transpor as barreiras criadas
pelos búfalos. Isso impede que aconteça o que os surfistas chamam de
“backwash”, movimento em que a onda bate de um lado rio e se fecha para o
outro, formando os famosos “tubos”.
Durante a
viagem ao Araguari, os surfistas e os documentaristas da TBS tiveram
que dar um balão no rio para entrar no Araguari em mar aberto, já nas
proximidades do Arquipélago do Bailique, na entrada do Oceano Atlântico,
onde se depararam com uma realidade animadora em meio à extinção na
Pororoca no Araguari. “No passado a onda era muito forte no Araguari, e
fraca nas proximidades do Bailique, porém, a força foi canalizada para
próximo das ilhas da saída do alto-mar, o que determina que a melhor
parte da onda, hoje, está no Bailique”, comemorou Noélio.
Claro
que a nova onda nas proximidades do arquipélago não se assemelha em
extensão à pororoca do Araguari, mas traz a força sempre buscada pelos
surfistas, só que em um período menor de tempo. “No rio Araguari nós
tínhamos a pororoca mais longa do mundo. Agora o fenômeno que garantiu o
Estado como palco de vários recordes no Guiness Book (Livro dos
Recordes) chegou ao fim, sobrando apenas ondas próximas ao Bailique que
tem uma extensão de aproximadamente 40 minutos, uma quilometragem que
não se assemelha aos quase 90 minutos obtidos pela extinta pororoca do
Araguari”, comparou Sobrinho
Além do
Bailique, existem outras duas localidades onde a pororoca resiste e pode
ser surfada: às margens da Ilha do Maracá e Rio Livramento, ambos no
município de Amapá. Mas a sede do Circuito Internacional de Surf na
Pororoca será transferida para o Bailique.
by Redação
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