Angela da Silva é nordestina e acessa sempre a internet. Ela diz que fica chateada com xingamentos (Foto: Ricardo Amanajás) |
Pessoas de todo o país utilizaram diversas
maneiras para expressar insatisfação com o resultado das urnas, após a
divulgação do resultado das eleições para cargos majoritários e
proporcionais no Brasil, que culminou com a reeleição da presidente
Dilma Roussef, do PT.
A região Nordeste, tida como a responsável
pelo maior número de votos para Dilma, passou a ser o alvo de postagens
ofensivas e de conteúdo discriminatório. As redes sociais, com os
compartilhamentos em alta velocidade, se configuraram como um espaço
onde isso foi melhor evidenciado.
Segundo informações do IBGE, residem no
Estado do Pará 724,901 nordestinos. A autônoma Anjela Feitosa da Silva,
de 45 anos, chegou ao Estado em 1986 e desde lá adotou como segunda
casa o Pará. Para ela, esse tipo de situação deve ser ignorada, apesar
dos sentimentos de mágoa e de ofensa que ficam.
“Eu cheguei a responder uma dessas
postagens na internet em que a ofensa era muito grave, com palavras
ofensivas e xingamentos, mas não levei adiante. Acredito que todos nós
devemos ser respeitados no que defendemos, mesmo que isso não agrade os
outros. Agora espero o mínimo de respeito. O importante é que no fundo
todos queremos serviços públicos, como a educação de qualidade”,
ressaltou.
O que muita gente não sabe é que fazer
postagens na internet com conteúdos discriminatórios é crime. Esse tipo
de conduta pode ser denunciado por qualquer pessoa à Ordem dos
Advogados do Brasil, Ministério Público Federal Eleitoral e Polícia
Federal. “É importante deixar claro que além de ser crime quem posta
esse tipo de conteúdo na internet, é dizer que quem compartilha também
comete o mesmo crime que pode ser enquadrado como racismo ou injúria
qualificada, que pode levar até três anos de detenção caso seja
condenado”, afirmou a presidente da Comissão de Direitos Humanos da
OAB/PA, Luana Thomaz.
Ela informou ainda que é importante que o
denunciante copie a tela toda do site ao se deparar com uma postagem
dessas. “A pessoa que denunciar deve fazer o “print” da tela toda para
que o endereço da página apareça e a Polícia identifique o mais rápido o
autor da postagem”, frisou.
O aplicativo para dispositivos móveis, o
WhatsApp também foi citado como uma das plataformas muito utilizadas
para reproduzir informações de terceiros. Essa replicação de
informações, quando feita para repassar informações de cunho ofensivo,
também é passível de processo criminal pela mesma Lei de combate à
discriminação racial.
“Nesse caso, é mais fácil rastrear a
autoria do crime, por ser tratar de uma plataforma que utiliza um número
de telefone”, justificou. Para mais informações, a OAB disponibiliza o
número de telefone: 4006-8600.
(Diário do Pará)
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