quarta-feira, 26 de novembro de 2014

São 146 mil hectares de florestas disponíveis para concessão florestal no Amapá, no primeiro edital lançado pelo governador Camilo Capiberibe, na manhã desta segunda-feira, 24. 

A área compreende três municípios e as propostas deverão contemplar indicadores econômicos, técnicos e, com destaque para os sociais, que beneficiarão as comunidades localizadas num raio de até 50 quilômetros das florestas a serem concedidas.

Além de indicadores sociais, o processo de concessão projeta gerar cerca de R$ 7 milhões de recursos por ano para o Estado e municípios. Em dez anos, com ofertas anuais de novos lotes, esse montante pode chegar a R$70 milhões por ano.

O Instituto Estadual de Florestas (IEF) é o órgão gestor da Floresta Estadual do Amapá (Flota), onde o primeiro lote da concessão está localizado e dividido em três Unidades de Manejo Florestal (UMF). A divisão de UMF em tamanhos diferentes vai possibilitar a concorrência de empresas variadas, tendo que ser, obrigatoriamente, todas elas de atuação e residência brasileiras. Podem participar também associações, cooperativas, OSCIPs de forma individual ou organizadas em consórcios com empresas maiores.

A finalidade primeira da concessão é fomentar o uso sustentável dos recursos florestais no Estado, visando a exploração dos produtos madeireiros e não madeireiros de forma legal e racional (sustentável). Pedro Ramos, Presidente de Honra do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), falou da necessidade de garantir que os povos da floresta tenham seus direitos garantidos e sejam beneficiados com o processo. 

"É um desejo nosso que a gente consiga transformar o ativo dessa floresta, que nós tanto defendemos para mantê-la em pé, em retorno financeiro e garantia de sustentabilidade", disse.
A área total da Flota é 2, 3 milhões de hectares. As UMFs do primeiro lote de 146 mil hectares alcançam os municípios de Pedra Branca, Mazagão e Porto Grande.

Para participar, os empreendedores devem apresentar uma proposta de preço por metros cúbicos da madeira em pé. Também terão de ser apresentadas propostas com indicadores sociais para as comunidades do entorno da concessão.

Na área que será licitada não há presença de moradores, como preveem a Lei de Gestão de Florestas (11.284/06) e a Lei Geral de Licitações (8666/93). A Lei 11.284/06 descreve como ocorre esse processo, que envolve o levantamento das áreas passíveis de concessão, a elaboração do edital, a licitação e o monitoramento da atividade.

Jorge Yared, chefe-geral da Embrapa/AP, presente da cerimônia de lançamento, fez memória às primeiras concessões florestais do Estado do Pará, vizinho ao Amapá, e o processo minucioso que antecede a publicação do edital definitivo. " Lembro das primeiras concessões que participei no Pará. Como no Amapá, processos que requereram muito trabalho técnico e uma política florestal clara para executar. O Amapá está de parabéns pelo trabalho aqui desenvolvido pelo IEF", concluiu.
Jorge Yared, chefe-geral da Embrapa no Amapá
Preparação
Um caminho de três anos de preparação foi percorrido antes do lançamento do edital definitivo. O IEF realizou estudos resultantes em 22 anexos que compõem o edital, realizou também reuniões técnicas nas Câmaras Municipais das cidades alcançadas pela concessão e audiências públicas com os moradores destas localidades. 

Durante essa preparação, um pré-edital esteve disponível no site do IEF e foi distribuído para que os interessados pudessem enviar sugestões de propostas sobre os indicadores sociais antes da finalização do processo.
Ana Euller, diretora do IEFAna Euler, diretora-presidente do IEF, ressaltou o avanço nas políticas florestais do Estado e a importância da realização deste certame. "Nós construímos este edital com a participação dos servidores do Estado, com as comunidades e colaboradores de outros Estados experientes nesse processo. O Amapá poderá começar enfim a explorar de maneira sustentável suas riquezas naturais e garantir que o seu potencial ambiental seja revertido em benefícios sociais e financeiros. É importante lembrar que estamos em um processo racional e planejado, onde a exploração será monitorada e limitada aos hectares determinados para cada ano, assim, respeitamos o ciclo de recomposição da floresta", explicou a diretora.

O processo de planejamento da exploração garante que a empresa vencedora permaneça com contrato por quarenta anos. O tempo é de acordo com o ciclo de recomposição da floresta, previsto para se renovar em trinta anos, como mostrado nos estudos anexos do edital. Dessa forma, o uso dos recursos madeireiros traz retorno comercial e assegura a floresta em pé.
O governador Camilo Capiberibe lançou oficialmente o edital e destacou que serão três dimensões beneficiadas, a social, econômica e global. "Uma vez que combatemos o comercio ilegal de madeira, estamos combatendo as queimadas da floresta, fator expressivo de emissões de gases do efeito estufa no Brasil. 

Estamos fazendo a nossa parte para sanar os efeitos negativos das mudanças climáticas do mundo. Estou feliz em lançar esse edital, não estamos privatizando, estamos dando direito de concessão de uso, a terra continua pública, será explorada de forma sustentável e, oficialmente, dará início às políticas florestais do Amapá", concluiu.

da Agência Amapá

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