sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Garimpeiros expulsos da Guiana Francesa amargam sub-emprego em Macapá

 Acordo entre Brasil e França permite a atuação de força policial francesa até mesmo em território brasileiro e sem direito à defesa

A Gendarmerie - polícia francesa - obteve um forte aliado na expulsão de garimpeiros ilegais na Guiana Francesa. O acordo entre Brasil e França, assinado em 2008 entre os dois países e aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro de 2013, permite que uma área de 150 quilômetros de ambas as fronteiras sejam alvo de ações para impedir a exploração ilegal de ouro. O único afetado pelo acordo foi o Amapá.

Vários deputados amapaenses reclamaram que o texto não foi previamente debatido com a população e coloca em risco a soberania nacional, por permitir a atuação de força policial francesa em território brasileiro. O texto prevê confisco e destruição de bens utilizados na extração clandestina de ouro dentro da faixa de 150 km de cada lado da fronteira.

A ação da polícia guianense é contestada pelos brasileiros devido a violência utilizada. Costuma também embarcar amapaenses para Belém (PA) ou Manaus (AM), colocando os garimpeiros em situação vexatória. A polícia chamada Gendarmerie é especializada em entrar no mato para capturar garimpeiros e mandá-los de volta ao Brasil. As estruturas levantadas pelos trabalhadores são destruídas e o ouro conseguido é tomado.

A imprensa divulgou recentemente que a deputada Janete Capiberibe (PSB), que foi relatora do projeto na Comissão de Relações Exteriores da Câmara, disse que os garimpos ilegais representam um “flagelo, com graves consequências sociais, econômicas e ambientais”. Já o deputado Luiz Carlos (PSDB) admitiu que há milhares de brasileiros garimpando ilegalmente na Guiana Francesa, mas ressaltou que os donos desses garimpos são franceses.

O garimpeiro João Leno Bogonha da Silva, 36 anos, estava trabalhando em um garimpo chamado Pedral, na Guiana Francesa. Já havia conseguido 29 gramas de ouro quando a polícia abordou o local, queimou barracos e motores. Leno ficou só com a roupa do corpo. “A polícia queimou minha carteira de identidade, carteira de reservista e o meu passaporte. Ficamos o dia inteiro em uma canoa para só então sermos levados para o Oiapoque”, lembrou.

Leno trabalhou na limpeza de uma lanchonete para poder conseguir R$ 40,00. Com muita dificuldade conseguiu chegar em Macapá. “A humilhação é grande”, reclama. Para complementar a renda, ele atua como flanelinha, guardando carros na região da rodovia Juscelino Kubitschek, próximo do Marco Zero do Equador.





Jorge Cesar/aGazeta

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisa mostra que setor industrial representa aproximadamente 12% do PIB do Amapá

  Para marcar o Dia da Indústria, celebrado nesta terça-feira, 25 de maio, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresentou pesquisa qu...