O ex-presidente da CBF e da organização da Copa do Mundo de 2014,
José Maria Marin, está entre os detidos hoje em Zurique e acusados pela
Justiça americana de ter recebido propinas milionárias em esquemas de
corrupção no futebol.
O Estado não o encontrou em seu quarto de hotel em
Zurique nesta manhã e, segundo fontes que estiveram no lobby do
estabelecimento, dois policiais carregaram malas e uma pasta com o
símbolo da CBF. Pálido e visivelmente nervoso, ele foi conduzido a um
carro.
No total, sete dirigentes da Fifa foram presos hoje, todos eles
latino-americanos e sempre à pedido do FBI. A Justiça americana
confirmou a prisão do brasileiro e indicou que parte das propinas se
referiam à organização da Copa do Brasil, Taça Libertadores da América e
mesmo da Copa América. Além de corrupção, Marin é acusado de
“conspiração” e pode ser extraditado aos EUA.
Segundo os americanos, quem também será acusado é J. Hawilla, fundador da Traffic Group.
Os suíços ainda confirmaram que congelaram contas para onde o
dinheiro da propina do futebol era enviada, envolvendo Marin e outros
seis cartolas. O Departamento da Justiça da Suíça explicou ao Estado que
cada um dos sete cartolas foi enviado a uma prisão diferente. “Por
questões de segurança, não divulgamos os destinos”, disse uma fonte no
Departamento.
Segundo o governo, o processo de extradição pode levar até seis meses se Marin optar por apresentar um recurso.
O Ministério Público da Suíça também realizou uma operação nesta
manhã, confiscando na sede da Fifa documentos e computadores sob a
suspeita de que cartolas receberam propinas para votar nas sedes das
copas de 2018 e de 2022. O MP suíço confirmou que abriu uma investigação
penal contra os dirigentes. Nesse caso, dez pessoas estão sendo
investigadas.
Por enquanto, a polícia não confirma os nomes dos envolvidos e, questionado pelo Estado, o Departamento de Justiça se recusou a dar até mesmo as nacionalidades dos envolvidos.
Numa operação surpresa, policiais suíços prendem cartolas da Fifa
atendendo a um pedido de cooperação judicial dos EUA. O foco é a
delegação da América Latina e um total de sete dirigentes da região
foram conduzidos à delegacia de Zurique para responder a acusações de
corrupção e desvio de verbas em “torneios de futebol da América Latina”.
Ele poderão ser extraditados para os EUA.
Às vésperas da eleição que colocaria Joseph Blatter para liderar por
mais quatro anos a Fifa, as autoridades desembarcaram na manhã desta
quarta-feira no luxuoso hotel Baur au Lac, em Zurique, para proceder com
as prisões. Comunicado da polícia não revela por enquanto os nomes dos
suspeitos, mas dá informações de que se trata de uma operação focada nos
dirigentes da Conmebol e da Concacaf.
Segundo o documento, as propinas
chegaram a R$ 100 milhões de dólares. Suspeitos de corrupção por décadas
em uma série de escândalos, os cartolas são acusados de fraude, lavagem
de dinheiro e uma série de crimes financeiros. Os policiais exigiram da
recepção do hotel as chaves dos quartos e iniciaram uma série de
prisões.
Os nomes dos suspeitos, por enquanto, não foram revelados. Mas as
acusações apontam para o recebimento de propinas em troca de apoio para
votar por países que sediarão as Copas de 2018 e 2022. A Fifa chegou a
realizar sua própria investigação.
Mas alegou que não encontrou qualquer
sinal de irregularidade. Joseph Blatter concorre para o quinto mandato
como presidente da Fifa Acordos comerciais também foram investigados
pela Justiça americana, no que resultou também em suspeitas de
pagamentos ilegais para dirigentes. Mais de dez cartolas, porém, seriam
denunciados, num duro golpe contra Joseph Blatter e seus aliados.
Entre os suspeitos estão Jeff Webb, presidente da Concacaf e
representantes das Ilhas Cayman, e Eugenio Figueiredo, até pouco tempo
presidente da Conmebol.
Durante a Copa do Mundo no Brasil, Figueiredo
comentou ao Estado que a polícia “jamais agiria contra a Fifa”. “Isso é
um blefe. Não existe nada. Se existisse, eles já estariam aqui”, disse,
em relação a uma eventual operação ainda no Copacabana Palace.
Neste caso, as investigações foram lideradas pela procuradora
americana Loretta Lynch, que pediu a colaboração das autoridades suíças.
A Justiça americana quer que os suspeitos sejam agora extraditados, num
processo que pode levar meses.
Grande parte do escândalo envolveria
cartolas da América Central e América do Norte, uma das bases de Blatter
nas eleições. Com reservas de US$ 1,5 bilhão e tendo lucrado mais de
US$ 5 bilhões com a Copa do Mundo no Brasil em 2014, a Fifa parecia ser
até pouco tempo uma potencia paralela, blindada da Justiça. A operação,
liderada por cerca de uma dúzia de policiais, se transforma no maior
escândalo já vivido pela entidade mergulhada em crises e casos de
corrupção.
Fontes indicaram ao Estado que Blatter não está entre os suspeitos.
Mas parceiros seus que por anos o garantiram votos também fizeram parte
do grupo de suspeitos. Um dos visados é ainda Jack Warner, que por anos
mandou no futebol do Caribe até ser suspenso por desvio de verbas. As
eleições estão marcadas para sexta-feira, em Zurique, e Blatter tem
insistido que não vê motivos para deixar o cargo. Segundo ele, uma
reforma tem sido realizada por anos para garantir a credibilidade da
entidade.
Ali bin Al Hussain, único candidato contra Blatter, se limitou a
dizer que hoje é “um dia triste ao futebol”. Já a Fifa indicou que
aguarda “esclarecimentos” para poder se pronunciar. Enquanto isso, o
secretário-geral da Fifa, Jerome Valcke, indicou nesta manhã que não
estava sabendo das prisões.
Tensão - O clima de tensão entre os cartolas é evidente. O Estado
tentou questionar o vice-presidente da Fifa, Issa Hayatou, se ele temia
também ser alvo de uma operação e a reação de seus assistentes foi a de
empurrar a reportagem acusando-a de ser “mal-educada”. “Isso é pergunta
que se faça?”, gritava um dos seus assistentes, enquanto empurrava a
reportagem.
Rumores entre as delegações também indicavam que Blatter poderia
adiar as eleições, marcadas para esta semana. O suíço cancelou sua
agenda para o dia e não compareceu a pelo menos dois eventos que ele
pediria votos.
Mas Fifa confirmou que a eleição será mantida e que as prisões são
“boas para a Fifa”. “Obviamente que o momento não é bom. Mas essa era a
única forma de limpar”, declarou Walter de Gregório, que insiste que
Blatter está “relaxado” e “fora de qualquer acusação”.
Ele também confirmou: a Copa de 2018 e 2022 ocorrem na Rússia e no Catar.
Entre os delegados da entidade, muitos se questionavam quantos
presidentes de federações tentariam sair da Suíça antes de uma eventual
nova operação da polícia.
Do Blog Jamil Chade
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